quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dualismo

Seu pensamento era negro e frio, a alma entretanto era transparente e totalmente doce. Era uma diferença paradoxal que a perseguia quando vagava à noite pelas incertezas. Perdendo-se na possibilidade do que poderia ter sido e simplismente não foi.
Usando a aureula e o tridente como partes do mesmo figurino, fazendo-os como uniformes que por de trás de si exprimiam sua rude beleza. Os dias tornando-se interminavéis como o fim das palavras nunca pronunciadas. O silêncio preenchendo o escuro vazio que deixou. Esquecendo-me em outo rosto, um resto, outro amor. Procurando em sua mente o resquicio de qualquer tristeza, adoçando ao amargo que o espiríto exalava.
Em seu fundo de memória não existiam mais saudades, não existia esperança, não existia rancor. Preferiu ver ao mundo com menos mágoas e mais leveza, anestesiando aquela dor infundada que se espalhava entre seu sangue.
Desejava o efeito do ácido cianídrico como o felino deseja o contúdo do aquário. Reconhecendo sua potencial incapacidade de pronunciar um não. Em sua duvidosa inocência pedia perdão por não ter cometido um grande erro. Somavam-se seus pequenos pecados que teriam um preço barato a ser pago, talvez o preço disso fossem suas lágrimas de crocodilo.
Qual teria sido o caminho que a afastou de seu mundo nude. Em qual cruzamento nos encontraríamos mais uma vez? Eu ainda sentindo medo do escuro...

terça-feira, 5 de abril de 2011


É como não ver, não querer enxergar a realidade daquilo que acontece estaticamente a sua frente. Você está alí e não quer estar, seus pés afincados ao chão como parte daquele ambiente que se estabeleceu diante de ti.
E você se tornando parte do meio enquanto o meio se torna parte de você.
A luz correndo a uma velocidade tão grande que não há tempo pra respirar, você respirando a tanto tempo que já nem sabe se vai correr.
A terra sob você se move sem perceber. A tela a sua frente e você nem sabe quem a assina.