quarta-feira, 23 de março de 2011

Folhas de outono

Era ali o lugar de onde nunca deveria ter saído, sentia a proximidade comigo mesma. Poderia ter existido uma lágrima, seria tão natural vê-la escorrendo sobre minhas têmporas. Não houveram lágrimas. Dessa vez até a dor fora invisível. Apenas uma coisa persistia em existir, o cansaço. Era o cansaço de pés que caminham descalço na areia do deserto.
 Existia apenas uma saudade sem nome, ou que tem nome de eu-sei-lá-o-que. Um ponto incerto.
O senhor passado ia me dando tchau com um ar de que breve viria visitar-me e eu que não combino como anfetreã pedi ao presente que o acompanhasse. Não é bom que ninguém ande desacompanhado, é sempre bom ter alguém por perto. 
É sempre bom ter alguém por perto mesmo que seja para admirar as folhas de outono, é bom ter alguém mesmo que não seja inverno.
Então me perguntei: e você por que estás sós? E depois de uma longa pausa comigo mesma eu respondi: É, eu acho que aprendi a gostar do frio que trás a solidão.