quarta-feira, 26 de maio de 2010

Acostumada

Já tão acostumados aquela monotonia calorosa e desapegada. Vivendo ao mar com pouca brisa, já quase sem vento. Contando uma história sem rimas e personagens, cantando música sem refrão.
Tão acostumados a um beijo gélido que nos resultava vida, que lhe dava esperanças e a fazia mais enrrigecida.
Ela jamais entenderia por que tamanha bondade, não possuiria ao dom de retribuir esse sentimento tão limpo que agora lhe é entregue. E, sempre numa hora qualquer da noite vai se questionar por que não se permite conhecer alma tão boa.
Tão acostumada a uma lágrima perto da têmpora. Já gasta de um sorriso de mentiras para si mesma.
Tão acostumada ao vermelho descascado do esmalte, ao lápis preto lhe fugindo os olhos.
Tão acostumada e cansada das justificativas, das esperanças, das incertezas que lhe rondavam em seu futuro sombrio.
Ela, já sem pressa, anda tão acostumada, tão cansada... tão cansada.

domingo, 23 de maio de 2010

Solidária solidão

Em que momento me tornei essa pessoa fictícia que não acredita nas coisas bonitas que tem na vida? Sempre que acordo tento responder a essa pergunta mas acabo por dormir mais uma vez sem ter resposta.
E nas vezes que eu durmo não há sonho e nem fantasia, não há cores e nem amores, não há sol e nem vida... é sempre um sonho cinza! E eu? eu gosto da propensão ao entristecido, chama menos a atenção, faz menos alarde. Faz com que eu consiga ao menos uma vez agradar-me sem ter de pensar se vou ferir alguém. Sempre quem sai ferida sou eu, quem colhe os cacos de um coração já remendado sou eu, o perdão sempre é o meu.
Às vezes gosto de rir, gosto de fingir que não estou perdida nos meus pensamentos, gosto de parecer aquilo que eu realmente tento ser... às vezes me perco nessa menina boba e cheia de medos que começa a acreditar em sonhos... às vezes eu quero me encontrar pra saber bem onde eu estou onde eu posso chegar.
Sempre sei que caminhar sozinha é mais difícil e doí mais os pés. Caminhar sozinha é bom para se testar, pra conhecer os limites de até onde eu consigo ir... sozinha.












Só!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Réplica

A imagem que tentam refletir já é conhecida. Tentam fazer algo novo espelhando-se naquilo que já existiu e que só existe uma vez. Será que não entendem que não adianta continuar interpretando Sófocles com os seus respeitosos dramas que não terei a mesma compaixão de Euripedes. Esses eram mestres do teatro e não do circo que tentam armar. Pare de agir como se necessitasse da minha presença, pare de agir como se eu precisasse ser plateia desse espetáculo rídiculo e de fim de carreira, guarde esse trabalho para aqueles que assim como você precisam o tempo todo olhar para alguém que não é atingível com tamanhas insanidades. Ah não se dê ao trabalho de achar que eu me incomodo... se eu tivesse todo esse tempo com certeza estaria assistindo a palhaços bem mais engraçados.
Acredite! E de fato confie, não é encenação; nunca foi. Busque isso em si mesmo sei que não precisam espelhar-se. Se preciso for eu aviso a vocês que a vida pode ser bonita e colorida. Saiba que não perdi, apenas não tenho vontade de entrar no teu jogo e nem entrarei num jogo onde a regra sou eu.
Vá sem medo de se arriscar mais uma vez, se entregue. Feche os olhos e sonhe, mas evite incluir-me neles. Colha suas flores e não espere minhas rosas. Desprenda-se... corra... viva. O tempo que foi gasto não volta mesmo e isso é uma boa lógica de constatação, perceba isso na sua pequena cabeça turbulenta e insegura. Aprenda a não copiar os mesmos erros que cometi. Tente ao menos absorver as coisas boas e guarde a sua caixa de Pandora assim como guardei a minha.
Não estou buscando nenhum amor serôdio como o teu. Não sinto interesse em encenar pra meia dúzia de pessoas que acham que sou um bela atriz. Não preciso e nem faço questão.
Acalma-te agora... vai se sentir melhor quando começar a perceber que tem certas coisas que são extremamente banais e vai me dar razão depois. Vá com calma, conhece-te primeiro aí depois poderá me dizer se realmente vai continuar com teu espetáculo-fim-de-noite. Pare de se olhar num espelho que te deforma fazendo uma sobreposição daquilo que se busca ser mas que não consegue atingir com palavras copiadas.
Destino-lhes a mais ínfima das posições. Dedico-lhe a vitória de Pirro.