Eram como pássaros para mim. Tudo acontecia como a leveza e beleza de tal. Eram como beijas-flor que voam rápido e sempre em busca da margarida mais doce. O que de mim havia sido sugado restava-me o fel como a amargura da não escolha. Eram leves e soltos como pássaros.
E de mim era a escolha da prisão, eram belos e eu os queria por perto. Não poderia permitir que eles voassem ao horizonte, poderiam se perder e eu estaria longe demais. Senti que faltavam-lhe liberdade mas o que de mim queriam? A liberdade que os salvaria seria a mesma que que acabaria com meus sonhos, fazendo inválida a pouca coragem que me deixava em pé.
Eram soltos e sorridentes como se o pouco espaço que eu lhes dera fora o suficiente para suas ações. Esquecera o sabor da rosa e já havia se adaptado ao gosto regrado da ração. E eu que poderia ter impedido seu voo acabei impedido sua mobilidade. Não esperava ver meus pássaros sofrendo, mas na mesma prisão que eu os tirei a liberdade eu escondia minhas angústias... Se quisessem eu os libertaria...
... Eram como pássaros pra mim.