segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Pássaros

Eram como pássaros para mim. Tudo acontecia como a leveza e beleza de tal. Eram como beijas-flor que voam rápido e sempre em busca da margarida mais doce. O que de mim havia sido sugado restava-me o fel como a amargura da não escolha. Eram leves e soltos como pássaros.
E de mim era a escolha da prisão, eram belos e eu os queria por perto. Não poderia permitir que eles voassem ao horizonte, poderiam se perder e eu estaria longe demais. Senti que faltavam-lhe liberdade mas o que de mim queriam? A liberdade que os salvaria seria a mesma que que acabaria com meus sonhos, fazendo inválida a pouca coragem que me deixava em pé.
Eram soltos e sorridentes como se o pouco espaço que eu lhes dera fora o suficiente para suas ações. Esquecera o sabor da rosa e já havia se adaptado ao gosto regrado da ração. E eu que poderia ter impedido seu voo acabei impedido sua mobilidade. Não esperava ver meus pássaros sofrendo, mas na mesma prisão que eu os tirei a liberdade eu escondia minhas angústias... Se quisessem eu os libertaria...


... Eram como pássaros pra mim.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O que teria sido daquela manhã ensolarada num quarto de hotel barato onde o calor e a preguiça reinavam sobre corpos suados? O destino guardaria de nós a simples resposta que aquele breve mês não nos soube dar. Guardaria comigo mais um motivo para o desapego, para o egoísmo, para as incertezas. Tudo acontecia no final do inverno, mas não sintamos frio e agora que já estamos no começo do verão o sol não nos aquece o suficiente para que não sintamos medo.
E eu que corria contra o tempo agora o vejo próximo e sei que ele veio me levar, não me perguntou se eu queria ir. Não pediu licença se podia entrar... eu sei que ele veio só para me levar. A estrada ainda é a mesma, a regra não mudou: A caminho que lhe trouxe é o mesmo que te leva, a chuva que molhou trás o vento que seca, a flor que morreu é o adubo para a que vai nascer.