quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um pouco melhor

Me faz tão bem estar assim, mostra a minha crueldade atrelada com a falta de sentimentos.


Dóis mas passa. Grito, porém calo.


Sofro. Mas tenho forças.




Passa. Eu sei que passa. Sempre!

sábado, 12 de junho de 2010

All star

Era só mais um garoto como centenas de milhares que existiam alí. Só mais um garoto que não conhecia a receita do amor. Era só mais um garoto que conhecia a regra: "meninos não choram, não se apegam". Mais um garoto que se fazia diferente. Era só mais um garoto de all star tocando seu violão.
Era um garoto que vivia seu começo-fim de juventude que murcharia sem a presença daquela estranha garotinha. Era uma garota e toda a sua liberdade de mulher, todo seu cuidado de boneca. Era quase uma ciranda... acabou! Era só um garoto indeciso como todos os garotos. Esse é o problema dos garotos...
Era só uma garota tremula e sonhadora que exitava querendo ouvir a verdade, que negava o seu próprio conceito de verdade. Era só um garoto confuso ou um confuso garoto, com sua tão sonhada liberdade. Era uma garota e sua eterna espera, seu telefone apertado entre as mãos. Era um olhar fixo para a lua e sua constante dúvida.
Era a espera incessante de um dia que talvez nunca viria que talvez só ela o esperasse. Era uma carta não respondida, uma foto não mais mexida e um diário perdido... era uma constatação não feita, já era até uma remota lembrança. Foi um descuido!
Era o encanto ferido, a dor retomada. Eram laços desamarrados e lábios desencontrados. Uma lágrima seca, um orgulho ferido. Era só mais um garoto de all star tocando seu violão.
Era só mais um garoto como milhares desses que existem por aí, mas foi esse que tocando seu violão a tocou. Era esse garoto tão comum que não saía de seus sonhos de menininha. Que a fazia pensar no reencontro e que a fazia se afastar e mais uma vez a sentir medo.
Era só mais uma história. Era só mais um ponto sem nó. Era só mais um garoto de all star.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Lapços de memória

Parece cada vez mais distante há uma certa profundidade que chega a ser imperceptível. Todos ainda o avista lá em baixo, escutam a tua voz gritando por um nome que a cada grito se afasta mais um passo. Apontam em sua direção mostrando-me que alguém chama por mim. Pareço distraída demais para ver o quê é. Todos já conhecem esse filme reprisado que insiste em se fixar em nossas memórias. Em breve não será mais do que isso... memórias.
Uma memória assassinada ou calada que não faz questão de mostrar os restos de seus arquivos. Em breve, se não for guardada vai desaparecer. O café amargo em minhas mãos cairá sobre elas e sei que já não terei mais tempo ou paciência para uma restauração.
Em breve essa memória se resumirá a apenas um nome, nada mais que um nome sem destino. Um nome vago e meio turvo, que embora ainda me confunda é só mais um nome tão frequente como o que chamam de amor.
Sim, o amor morreu assassinado na esquina da minha casa. Por mais que eu quisesse salva-lo era bonito ver a sua agonia. Me fazia cruel e racional.
Vai ser triste ter em mente a cena daquelas ruínas... o choro. Até que um dia vai se acabar, e verei outra história construída em cima daquelas ruínas. Verei outras histórias arruinadas pela minha surdez.
Talvez  eu quisesse voltar, mas sinto que quero mesmo é correr e não ver mais os restos daqueles destroços.
Não passará disso pra mim. Tenho certeza que se questionarão o por quê de tanta maldade, vou pedir-te que vasculhe os arquivos e que leia os resquícios daquela mente que já se desocupara de você.
No máximo vai chegar a um olhar brilhante... chego a duvidar. No máximo chegará a um encontro esperado ou as últimas palavras que nunca cessarão. No máximo chegue a um pedido de desculpas, questionado o seu por quê.
E o tempo vai levar-me consigo, carregar-me em seus braços; no seu tempo e sem destino.
O tempo questionará minha memória, meus medos, minhas falhas. Minha memória questionará o tempo... a vida. Minha vida não terá mais tempo e nem memória para questionar a você.
Minha memória o guardará muito secretamente; receio que eu mesma não possa encontra-lo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Meu querido jardim

A cidade cinzenta agora se fazia maravilhosa mesmo que lhe faltasse o mar ou o calor.
Maravilhosa nas variantes de turquesa que lapidava o céu; no alaranjado do sol que refletia no cabelo fazendo confusa a sua cor. Dele valia-se também o vento. Vento esse que obrigava o agasalho. Vento esse que libertava. Fazia ao menos por um instante o favor de um sorriso que vinha no canto dos passáros ou no verde das árvores.
Eram tantas cores, tantas caras. Uma simplicidade tão requintada.
Era o gelo da solidão. A brisa da liberdade. O gosto pelo novo.
A ação não perdida sobre o sentido... o real sentido da vida.
Era o feio suprimido, a tristeza repreendida.
Era a voz calada e um coração quase apertado.
A cidade cinzenta agora contrariava  Saint-Exupéry. A beleza refletida por ela se fazia essencial aos olhos de toda uma multidão.
Eram poses. Eram pessoas. Eram, talvez, pedintes.
Pedintes de um pouco de sentimento. Eram alegria de criança. Eram paciência de ancião.
Faltou-me mais expressão. Faltou-me um desenho. Faltou-me até as bonitas palavras, corri a seguir as mesmas de antes que agora voavam como voam folhas no outono.
Uma conversa estranha, falar de futuro já me é rotina, mas a parte da física ainda é novidade..
Olhar. Admirar, até perceber que o dia já se findou. Infelizmente sempre se tem que acordar de um sonho quando o sono acaba.