A cidade cinzenta agora se fazia maravilhosa mesmo que lhe faltasse o mar ou o calor.
Maravilhosa nas variantes de turquesa que lapidava o céu; no alaranjado do sol que refletia no cabelo fazendo confusa a sua cor. Dele valia-se também o vento. Vento esse que obrigava o agasalho. Vento esse que libertava. Fazia ao menos por um instante o favor de um sorriso que vinha no canto dos passáros ou no verde das árvores.
Eram tantas cores, tantas caras. Uma simplicidade tão requintada.
Era o gelo da solidão. A brisa da liberdade. O gosto pelo novo.
A ação não perdida sobre o sentido... o real sentido da vida.
Era o feio suprimido, a tristeza repreendida.
Era a voz calada e um coração quase apertado.
A cidade cinzenta agora contrariava Saint-Exupéry. A beleza refletida por ela se fazia essencial aos olhos de toda uma multidão.
Eram poses. Eram pessoas. Eram, talvez, pedintes.
Pedintes de um pouco de sentimento. Eram alegria de criança. Eram paciência de ancião.
Faltou-me mais expressão. Faltou-me um desenho. Faltou-me até as bonitas palavras, corri a seguir as mesmas de antes que agora voavam como voam folhas no outono.
Uma conversa estranha, falar de futuro já me é rotina, mas a parte da física ainda é novidade..
Olhar. Admirar, até perceber que o dia já se findou. Infelizmente sempre se tem que acordar de um sonho quando o sono acaba.