terça-feira, 28 de julho de 2009

Meias verdades





Eu queria só por hoje mudar a minha realidade e dizer a você todas as minhas verdades.
Você pode sentir medo se eu te contar tudo. Você vai se perguntar se ainda sou aquele mesmo alguém que você conheceu. Vou responder que sim. – Ainda sou a mesma, vê? As fantasias de criança ainda existem em mim, embora estejam escondidas.
Não tenho coragem de me abrir de verdade. Tenho medo de que você não se lembre de mim ao se acordar e acabe se perguntando: - Como isso foi acontecer?
Sei que não vou saber a resposta. Sei que vou sabê-la e vou tentar te esconder... Sei que vou olhar com os olhos caídos, tristes talvez; sei que vou dizer: - Não sei, mas aconteceu.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Épico

Fulminante desafetação sobressai impaciente ao gosto inerente daquele que te pede perdão. Digo: - Pudico infeliz pigmeu que se mostra apaziguador quando o calvário vem a injuriar-te.

Reintera-te plácido à acostumar-se ao invoco do que um dia estarreceu vosso espírito.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Rotina

A refeição do meio dia ocorreu em silêncio; não variando muito do que sempre costumava ser. Naqueles rostos pálidos e gélidos ainda era visível a vermelidão que se presumia um choro pouco antecedente. Era sempre, sempre da mesma maneira.



Uma discução,


a refeição;


O assombro de palavras inacabadas.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lawrence

... Era uma casinha branca e quadrada, no centro de um jardim, cercada por altos muros. Quando se passava pelo portão no muro, trancando-o após a entrada , era como penetrar algum lugar secreto, onde não se seria atingido por coisa alguma – nem mesmo pelo vento.




Os catadores de conchas - Rosamunde Pilcher


segunda-feira, 6 de julho de 2009

Coisas que eu sei



Lembra das noites em que você cobria o rosto para chorar? E chorava tão baixinho que nem mesma conseguia escutar. Você passava sorrindo para seus amigos, sorria para seus pais. E sorria até para si mesma. Enquanto você caminhava aparentava ser forte. Mas a verdade é que o escuro lhe causava medo. Medo sempre foi algo que lhe deixava apreensiva. E o escuro sempre mostrava às claras todas as verdades. Você tinha medo das verdades!
Lembra de quando você sufocava os soluços entre os cobertos pra não acordar aqueles que dividiam o quarto com você. E esperava o silêncio sublime chegar porque ele aliado à escuridão era capaz de lhe causar medo.
Você chorava pela incapacidade que aquilo te causara. Você chorava pois sabia que não deveria exigir dos outros àquilo que não dava a si própria. Você chorava pois eram as lágrimas que mostrava a sua fragilidade, uma fragilidade que fizera questão de negar diante da plateia que lhe assistia.
Eu via você acordando todas as manhãs com os olhos vermelhos e o rosto inchado. Eu via você lavando a pele com água fria pra tirar àquela palidez doentia da tua face. Via-te pela rua procurando algum olhar que entendesse o teu. O mais provável é que você quisesse ver o olhar de Deus em você.
Eu via nos teus lábios aquele sorriso amarelo. Aquele sorriso que você enganava as pessoas com o seu – “tudo bem”. Mas eu sei o que acontecia quando se apagavam as luzes. Eu ouvia teu choro. Eu queria ter ajudado você. Eu sentia seu medo.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Lua

Hoje descobri que existem várias luas.


Me dá o brilho da tua?
 

Uma esquina

Uma lua

(porque há muitas, muitas luas)


____________________ Mário Quintana

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Velhos sinais



Aquelas velhas cicatrizes que coçam e sempre que as vejo lembro da fraturas exposta que foram, são tão antigas mas que ainda tanto me incomodam.
Eu só queria um pronto socorro enquanto ouvia gritos hostis me mandando ser um pouco mais forte que tudo aquilo. As críticas sempre prontas; e eu sempre à espera de uma palavra nova. Outra crítica. E eu continuava a tentar.
Minhas feridas, agora vou com elas à procura de um outro socorro. Me lembrando que não se fazem duas marcas no mesmo local.