Lembra das noites em que você cobria o rosto para chorar? E chorava tão baixinho que nem mesma conseguia escutar. Você passava sorrindo para seus amigos, sorria para seus pais. E sorria até para si mesma. Enquanto você caminhava aparentava ser forte. Mas a verdade é que o escuro lhe causava medo. Medo sempre foi algo que lhe deixava apreensiva. E o escuro sempre mostrava às claras todas as verdades. Você tinha medo das verdades!
Lembra de quando você sufocava os soluços entre os cobertos pra não acordar aqueles que dividiam o quarto com você. E esperava o silêncio sublime chegar porque ele aliado à escuridão era capaz de lhe causar medo.
Você chorava pela incapacidade que aquilo te causara. Você chorava pois sabia que não deveria exigir dos outros àquilo que não dava a si própria. Você chorava pois eram as lágrimas que mostrava a sua fragilidade, uma fragilidade que fizera questão de negar diante da plateia que lhe assistia.
Eu via você acordando todas as manhãs com os olhos vermelhos e o rosto inchado. Eu via você lavando a pele com água fria pra tirar àquela palidez doentia da tua face. Via-te pela rua procurando algum olhar que entendesse o teu. O mais provável é que você quisesse ver o olhar de Deus em você.
Eu via nos teus lábios aquele sorriso amarelo. Aquele sorriso que você enganava as pessoas com o seu – “tudo bem”. Mas eu sei o que acontecia quando se apagavam as luzes. Eu ouvia teu choro. Eu queria ter ajudado você. Eu sentia seu medo.